domingo, 7 de outubro de 2007

rosas


Todos que por ali passavam diziam a mesma coisa: que lindo jardim, que flores tão bem cuidadas, que rosas maravilhosas, e que perfume delicioso impregna o ar!...
E na verdade, viam-se poucos jardins, tão belos como aquele e rosas tão exuberantes como aquelas!... Havia rosas de todas as cores: vermelhas, rosadas, brancas, e o jardineiro era um velho artista, pois fazendo experiências em enxertos daqui e dali, conseguiu qualidades e cores as mais variadas possí­veis. A rosa lilás e a rosa branca, não tinha quem não admirasse, tal a sua beleza e fragrância.
Vinham pessoas de longe para conhecer as rosas desse jardim, tal a fama que se estendera até no exterior.
Quando perguntavam ao jardineiro qual o segredo de tanta beleza, ele invariavelmente dizia, “Deus existe, e é de suas mãos que brota tanta beleza, fragrância e coloridos diversos”.
Ele é quem cuidava sozinho do jardim, mas nunca demonstrou qualquer orgulho pela sua habilidade nesse trabalho tão maravilhoso que a todos atraía e encantava.
Mas em uma manhã..., triste manhã..., tudo amanheceu desolado, não havia uma rosa sequer inteira, todas estavam desfolhadas à mercê do vento brando que as carregava de cá para lá.
Chamaram o jardineiro em sua casa e quando este viu aquela desolação, chorou copiosamente, comovendo a todos que assistiam estarrecidos a tanta judiação. Quem fizera aquela maldade toda, decepando e inutilizando um trabalho árduo de tantos anos? Não havia tido chuva forte, as crianças não brincavam por ali para dizer que fora arte delas, os habitantes do lugar se orgulhavam de possuir as mais lindas rosas da região, que tanto enfeitavam igrejas, festas, casamentos e até mesmo urnas fúnebres. E a pergunta era uma só, quem fizera essa maldade toda? Ciúme, inveja, índole má? E as perguntas se sucediam, o que será? Por que será? Mas as rosas não falam, e o jardim todo revirado e maltratado, ficou sendo um segredo para sempre. O povo ficou sem belas e coloridas flores e o jardineiro em sua mais doce ilusão da vida!...
Ah... se as rosas falassem, muito teriam que contar!...

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