sexta-feira, 8 de junho de 2012

silencio





            O silencio parece saber o momento certo para invadir nossos espaços e com uma aparência de tranquilidade enganosa chega vagaroso minando a estabilidade aparentemente concreta da nossa mente.

            Parece inimaginável pensar que o silencio seja um vazio, uma vez que possui uma enormidade de formas para torturar nossa mente, um tormento tão poderoso e agonizante capaz de levar à loucura e até ao suicídio.

            Vagar no silencio muitas vezes é uma maneira de caminhar num labirinto solitário, onde vaga também o medo, a insegurança e a aflição. A cada passada silenciosa o labirinto enfraquece o nosso raciocínio acabando aprisionados num estado de cegueira temporal que nos deixa sem saída.

            Frente a frente com o inimigo nos colocamos numa situação aparentemente ocasional, mas ele está no domínio, pois mesmo silencioso parece gritar e influi diretamente no que pensamos, já que oferece um leque inesgotável de dúvidas. Face a face o inimigo silencioso se aproxima e nos domina.

            Um voo no tempo planado pelo vento nesse labirinto silencioso nos faz ver um bando de crianças correndo atrás de um futuro desconhecido em um caminho misterioso e amedrontador, onde cada encontro parece ser um acordo de espantalhos tentando te assustar e tirar vantagem da sua solidão silenciosa.

            Apressado num voo sem tempo os espantalhos são deixados para trás e numa pequena olhada de observação momentânea fica nítido que eles não são mais tão assustadores e a melhor saída desse labirinto seja um voo sobre o tempo.

            O coração fica apreensivo e batendo forte com a pele suando nos limites de suas forças e mesmo com todo esse esforço as saídas continuam bloqueadas, pois o monstro silencio, invisível em suas formas mantém seus golpes certeiros que nos deixam atordoados e cada vez mais distantes da saída de fuga.

            Afundado nas areias movediças do silencio as palavras são afogadas se tornando emudecidas, desta forma se tornam armas inúteis diante de tanta força concentrada em um inimigo criado em nós e que não conseguimos derrotar.