quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Amar




Só quem é gostado compreende o milagre que o carinho faz na vida de alguém. Não importa quem seja, não importa como seja, não importa o que tenha havido antes, e os defeitos importam pouco. Quem é gostado por alguém fica leve, novo, recuperado, cheio de esperança e desejo, e cheio de vontade de gostar de volta e ser gostado novamente, num ciclo ininterrupto. Dá uma fome imensa de mudar tudo, e ao mesmo tempo, cultiva-se um desejo secreto de que nada nunca mude, embora a mudança seja, mesmo a nossa revelia, parte de tudo que existe - inclusive do gostar.
Ser gostado é tão simples e tão bom que basta um olhar carinhoso, um gesto inesperado de admiração, uma palavra suave… E tudo muda de referência, de importância, de valor, de rumo. Ser gostado é ser salvo da frieza, da dureza, da dificuldade, da solidão. Ser gostado é achar um lugar que é só seu no mundo, porque o mundo está na pessoa que gosta de você e lhe estende a mão cheia de flores, carinhos e lições. Só um tolo para não compreender como é grandioso abandonar-se nas mãos e no coração de um outro alguém, desde que seja alguém capaz de gostar. Um gesto de fé, coragem e confiança que só pode render bons frutos. Quando nos deixamos gostar, estamos dizendo, “eu acredito e confio em você - cuide da minha alma como se a sua estivesse morando nela”.
Gostar não é fácil, tampouco é fácil deixar-se gostar. O gostar implica em conhecimento profundo - conhecimento não só intuitivo, mas sentido, pensado, apreendido. É um longo caminho.
Apaixonar-se, encantar-se, iludir-se, deixar-se enganar por belezas e ganhos momentâneos… É deliciosamente e perigosamente fácil; não que seja ruim, e não é - mas é fácil. Gostar de verdade, não. Para gostar de verdade, é preciso enxergar além do que está exposto. É preciso conviver inteiramente dia a dia. É preciso aguentar a decepção e o fracasso, uma vez que somos tão falhos e bobos. O gostar é especialmente e constantemente provado nos sabores e dissabores do cotidiano real.
Não temo e não me envergonho em dizer que só sendo gostada, posso experimentar um pouco do que acredito ser a felicidade em sua face mais pura. Sofro de carência crônica de sentimentos pulsantes e fortes - de preferência, mais fortes que eu e meus medos, que eu e minhas travas, que eu e minhas dificuldades, que eu e meu passado. Sinto-me estimulada com o desafio de conhecer e me deixar conhecer, e ainda assim, gostar. Me esmero em gostar de tudo que faço, de todos com quem quero conviver, porque acredito que me dedicando a gostar, posso receber de volta o que dei. Por isso, peço, de coração aberto e humilde, que você goste sinceramente de mim.
E eu… Eu vou continuar sendo feliz no nosso gostar, enquanto gostarmos um do outro assim. Imagina só quanta coisa há esperando por nós se conseguirmos… Eu acredito sempre no amor. E sei que você também acredita. Que bom que é assim...

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