domingo, 17 de outubro de 2010

Recordo com amor e carinho , flores que colhi e ofereci ao lago dos meus sonhos...


Sinto que é como sonhar…
Que o esforço pra lembrar é vontade de esquecer
Os sonhos são assim.
Tente lembrá-los,
e eles desaparecerão em segundos,
como memórias proibidas.
Embora sonhos sejam desejos e imagens,
por alguma razão,
nossos mecanismos querem apagá-los,
para que possamos seguir em frente.
E com o tempo,
todas as memórias vão virando sonhos.
E dá um medo muito grande de esquecer aquilo que quero lembrar pra sempre.
Fico tentando reviver na memória momentos felizes,
frases,
toques,
acontecimentos agradáveis que me trazem alenta,
fico tentando passar o filme de novo e de novo,
para que ele nunca deixe de ser como é.
Tenho medo de perder o meu passado,
de que a minha vida,
e seus grandes momentos,
e as pessoas que amei,
fiquem como um quadro na parede,
lá longe,
desgastado,
que, mesmo olhando, não consigo mais identificar a imagem com precisão.
Por isso,
quando a imagem me é muito cara,
tento retocá-la,
restaurá-la,
lembrá-la sempre, para que não se perca.
Nessa tentativa,
não escapo de acrescentar um detalhe ou outro,
de enfeitar,
de deixar mais bonito aquilo que antes era uma simples lembrança
com o tempo, ela também já não é mais o que é.
De um jeito ou de outro, as lembranças originais se perdem.
Algumas lembranças eu gostaria muito de apagar.
Momentos ruins,
bobagens que fiz ou disse,
coisas que machucaram,
que fugiram ao controle.
Mas essas,
essas insistem em vir,
e vir de novo, e vir outra vez.
Quando estou só,
essas memórias insistem em me perturbar.
Ainda que imperfeitas,
como fantasmas,
elas ficam batendo no sótão da minha cabeça,
fazendo barulho,
arrastando correntes,
querendo sair,
querendo se materializar.
E eu penso que melhor seria esquecer.
O esquecimento pode ser uma libertação,
um desligamento da agonia de saber...
achava que,
se conseguisse apagar da memória meu grande amor perdido,
não estaria mais presa a ele.
*

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